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Sobre A Vagina

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Diz-se por aí que podemos conviver anos com uma pessoa e não conhecê-la o suficiente. Mais intrigante ainda é quando a tal criatura obscura é a gente mesmo e, diga-se de passagem, nisso as mulheres são mestras. Mas nesse caso, não estamos falando da capacidade de surpreender a todos com repentinas mutações, mas sim do desconhecimento sobre o próprio corpo. E a vagina, talvez, seja a mais afetada dessa relação, afinal, ela sempre esteve lá mas nunca teve chances de mostrar o seu valor. Por conta dessa falta de intimidade, muitas mulheres ainda não descobriram que essa parte da anatomia feminina pode ser mais útil, prazerosa e ter muito mais a oferecer do que as funções básicas.
Pode parecer estranho, mas é a pura verdade: a vagina é a parte do corpo que as mulheres conhecem menos. Segundo uma pesquisa intitulada  “Diálogos da Vagina”, apresentada pela sexóloga belga Goedele Liekens, 50% das mulheres analisadas afirmaram que sabem muito pouco sobre o funcionamento dessa região do corpo. E mais: dessas mulheres, quase 80% acreditam que entender melhor a vagina poderia aumentar a satisfação sexual, cerca de 60% pensam que existem muitas informações equivocadas a respeito dela e, para piorar a história, 40% confessam que não se sentem à vontade para falar sobre esse assunto com seus médicos. Para desmistificar e derrubar tabus em relação à vagina, muitos médicos têm defendido a importância de se aliar sexologia e medicina nos consultórios.
A paradoxal distância que separa muitas mulheres de sua parte mais íntima é creditada a uma educação sexualmente machista, ou seja, o corpo feminino serve apenas para estimular o homem. Partindo desse príncipio, o ginecologista Ricardo Vasconcellos Bruno afirma que a mulher é inibida desde a infância. “Erros como repreender a menina quando coloca a mão em sua vagina e estimular o menino a mostrar o ‘pinto’ são comuns. E conforme vão crescendo, as mulheres aprendem que sexo dá doença, engravida e cria má-fama, uma tríade anti-prazer”, comenta Dr. Ricardo. Mais tarde, soma-se a isso um parceiro intimidador e a sexualidade feminina  voltada para a reprodução, nunca para o prazer.
Para estreitar essa delicada relação entre a mulher e a vagina, o conhecimento anatômico e fisiológico é apontado como fator fundamental. “Conhecer o seu corpo erótico, do qual a vagina faz parte, é importante para a sua sexualidade. Infelizmente, a maioria das mulheres valoriza apenas o seu corpo estético e higiênico”, afirma o ginecologista e sexólogo Gerson Lopes. E a masturbação pode ser vista como um guia mais do que eficiente nessa exploração do próprio corpo. “O clitóris, por exemplo, é um dos pontos mais erógenos do corpo feminino. A parede vaginal exibe áreas que despertam prazer e orgasmo quando manipuladas. E estes pontos podem ser estimulados pela masturbação isolada ou em conjunto com o parceiro”, diz Dr. Ricardo Bruno.  
Apesar de ser considerda elucidativa, educativa e, ainda por cima, prazerosa, a maioria das mulheres brasileiras não se beneficia desse ato. O Dr. Gerson Lopes apurou em depoimentos, coletados em palestras que ministra por todo o Brasil, que a falta de masturbação, provavelmente, é a causa principal das brasileiras terem um dos maiores índices de anorgasmia do mundo – cerca de 55% das mulheres sexualmente ativas não sentem orgasmo. “Para reverter esse bloqueio, médicos e sexólogos devem orientar a paciente sobre os seus órgãos genitais e suas funções, seja durante o exame ou com desenhos esquemáticos”, diz Dr. Gerson. Hoje, os próprios métodos contraceptivos se tornaram aliados dessa relação entre as mulheres e a vagina. Como é o caso do anel Nuvaring, um contraceptivo vaginal que vem sendo considerado uma importante ferramenta de auxílio ao médico no trabalho de ajudar a paciente a conhecer melhor o seu corpo, pois é ela própria quem o introduz na vagina.
No entanto, Dr. Gerson enfatiza que sexualidade não é uma qualidade da pessoa, e sim de interação entre pessoas. “Daí surge a importância do homem ter conhecimento também sobre os genitais de sua parceira”, diz ele. E essa sintonia não se reflete apenas no prazer feminino, mas, sem dúvidas, também no masculino. “Um parceiro machista e desprovido destes conhecimentos pode colaborar para uma vida sexual desastrosa e difícil, cabendo no caso o tratamento do casal”, diz Dr. Ricardo Bruno. A busca da mulher pelo autoconhecimento e pelo reconhecimento de suas necessidades, tanto por parte dos parceiros quanto da medicina, veio a reboque da igualdade entre os sexos. A mulher de posse da pílula e com independência profissional e financeira deflagrou a liberação sexual. “A mulher ainda é muito jovem na descoberta do prazer sexual, a pílula surgiu nos anos 60, aumentando a demanda aos consultórios de especialistas. Com isso, surgiu o maior interesse destes pelo assunto, para atender melhor a sua clientela”, comenta Dr. Ricardo Bruno.
Mas a educação ainda é a melhor forma de se prover conhecimento, seja sobre qual tema for. Desde cedo, meninos e meninas descobrem o prazer de se tocar, e, sob certas condições, isso é mais do que saudável. “Faz parte do desenvolvimento normal da criança e desde pequenas se deveria ensiná-las a  também nominar vagina como se nomina braço, perna, cabeça...”, explica o Dr. Gerson Lopes – que recentemente lançou os livros “Conversando com crianças sobre sexo – Quem vai responder?“ e “Conversando com adolescente sobre sexo – Quem vai responder? “, pela Autêntica Editora. Portanto, em qualquer relação, seja ela até mesmo com a sua vagina, não cabem preconceitos, tabus, nem mitos.