Causas
O progressivo término da função ovárica determina o aparecimento de irregularidades menstruais e, por fim, o seu desaparecimento definitivo, mas os desequilíbrios hormonais que acontecem neste período da menopausa têm outras repercussões que, muitas vezes, embora não em todos os casos, provocam uma sintomatologia típica à qual foi dado o nome de "climatério". Contudo, devemos insistir de que se trata de desequilíbrios funcionais que nem sempre se apresentam - muitas mulheres não sofrem praticamente qualquer transtorno na fase da menopausa, não ocorrendo quaisquer irregularidades menstruais preceden-tes ao desaparecimento da menstruação.
As perturbações que configuram o climatério, são consequentes da alteração que muitas vezes se produz no funcionamento do sistema nervoso autónomo, devido às bruscas alterações nos níveis hormonais que tendem a apresentar-se no período da menopausa. Na realidade, trata-se de uma consequência lógica, uma vez que o sistema nervoso autónomo, também denominado de neurovegetativo, encarregue de regular inconsciente e involuntariamente várias funções orgânicas, está parcialmente sob controlo do hipotálamo, o órgão que, através das suas influências sobre a hipófise, dirige a actividade do aparelho genital feminino. O hipotálamo é, de facto, uma autêntica ponte entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, produz diversos factores hormonais e é, ao mesmo tempo, sede de centros que regulam a sede, o apetite, a temperatura corporal ou o sono, com várias inter-relações com as estruturas encefálicas. Assim, as diversas funções do hipotálamo mantêm um delicado equilíbrio e é habitual que qualquer desordem numa delas tenha repercussões nas restantes como, por exemplo, alterações vasomotoras ou sintomas psicológicos, como acontece na síndrome do climatério.
Perturbações neurovegetativas
Entre as principais repercussões dos desequilíbrios hormonais próprios do período da menopausa destaca-se uma instabilidade do centro hipotalâmico encarregue de regular a temperatura corporal, o que implica falhas na regulação dos vasos sanguíneos superficiais do corpo. Devido a este facto, podem-se apresentar afrontamentos típicos, ondas de calor que percorrem o corpo subindo até à cabeça, provocando um rubor facial, no pescoço e no peito, seguindo-se uma crise de intensa transpiração a que, por vezes, se juntam palpitações e sensação de angústia.
Estes afrontamentos, que podem surgir vários meses antes do término definitivo da menstruação, costumam ser breves, durando normalmente entre dois a três minutos, e podem aparecer tanto de dia como de noite, sendo a sua frequência muito diversa, dependendo dos casos: umas mulheres não têm qualquer tipo de afrontamento, outras têm vários por hora e algumas apenas apresentam alguns por mês. Em geral, os afrontamentos são mais intensos e frequentes à medida que se aproxima a menopausa e costumam persistir ao longo de todo o ano, a seguir à última menstruação, por vezes mesmo durante vários anos, embora cada vez menos intensos e mais esporádicos.
Outras perturbações podem evidenciar a instabilidade do sistema neurovegetativo. Por exemplo, em alguns casos, apenas surgem crises de transpiração isoladas ou episódios em que a mulher tem uma intensa sensação de calor, mas sem que surjam os característicos afrontamentos. Também podem surgir, com menor frequência, cefaleias, sobretudo em mulheres propensas à enxaqueca. Não é igualmente de estranhar que se apresentem episódios de tonturas e zumbidos no ouvido, crises de palpitações ou perturbações da sensibilidade, como formigueiros, especialmente nos membros.
Perturbações psicológicas
No climatério podem apresentar-se diversas alterações na esfera psicológica, presumivelmente relacionadas com os desequilíbrios hormonais próprios deste período, principalmente com o défice de estrogénios. Por exemplo, não é raro que aconteçam episódios de grande instabilidade emocional, com momentos de nervosismo e irritabilidade, bem como dificuldades de concentração, falhas de memória, ataques de angústia, crises de insónias, uma diminuição da libido e uma certa tendência depressiva. Contudo, esta sintomatologia pode ser consequência dos desequilíbrios hormonais e, por isso, é considerada como parte do climatério. No entanto, torna-se difícil determinar a influência de factores socioculturais e conflitos psicológicos mais profundos, por exemplo resultantes de se considerar esta fase como uma antecâmara da velhice. Mais à frente, ao abordarmos o tema das repercussões psicológicas, aprofundaremos estes argumentos, mas convém destacar que em muitos casos um adequado tratamento hormonal de substituição é de grande utilidade para melhorar os sintomas psicológicos relacionados directa ou indirectamente com o défice de estrogénios.
O climatério é o nome científico que descreve a transição fisiológica do período reprodutivo para o não reprodutivo na mulher. O período do climatério abrange a menopausa, que ocorre com a última menstruação espontânea.
Fases
- Pré-menopausa (dos 35 aos 48 anos)
- Perimenopausa (dos 45 aos 50 anos)
- Menopausa (por volta dos 48 anos)
- Pós-menopausa (dos 48 aos 65 anos)