Tanto tempo a desejar aquele encontro, não dias, nem semanas, mas anos. E estavam a escassos minutos de se tocarem pela primeira vez. De se olharem de perto. Beijar. Sentir o cheiro do outro, o sabor da pele. Passavam cerca de quatro anos desde que se haviam cruzado pela primeira vez num chat. Foram horas repletas de conversas sobre qualquer assunto, adensando a amizade, criando a empatia que viria a revelar-se mais tarde como uma inegável atracção, quando o tema sexo passou a ser um dos assuntos principais entre eles.
A curiosidade da juventude de Raquel aliada à experiência e conhecimento de Marcelo foi transformando as conversas. O que antes parecia inocente, começou a tornar-se mais insinuante. Quente. Erótico. Não demorou muito a que Raquel experimentasse o chamado sexo virtual, pela primeira vez. Algo que se tornou um hábito até ao dia em que ela encontrara alguém e começara a namorar. Com isso, acabou por se afastar daquela espécie de relação virtual, para viver a sua realidade: aquele namoro recente.
Mas, da memória de Raquel, não desaparecia aquela paixão e a intimidade trocada com aquele homem maduro, bastante mais velho que ela e que tanto lhe poderia ensinar… na realidade. Acabou por colocar um fim no namoro que não a satisfazia tanto como os poucos momentos que passava com Marcelo, através de um computador. Além do mais, Fernando, o ex-namorado, não tinha despertado nela a vontade de se entregar pela primeira vez. Foi o que confessou a Marcelo, algumas noites depois de o ter reencontrado:
- Sabes com o que sonho?
– Diz-me.
– Que a primeira vez seja contigo. Não consigo pensar em mais ninguém para me fazer conhecer de verdade todas as delícias do sexo.
– Que loucura, Raquel. Adorava ser o teu primeiro homem. Ensinar-te. Ter-te.
Mas nem tudo era tão simples como os seus desejos e as noites em que se ouviam, sentiam, desejavam e gozavam. Raquel acabou por se afastar de novo quando encontrou Vítor, aquele que viria a ser o seu namoro mais sério, transformando-se no seu noivo, dois anos depois de ter iniciado o namoro.
O tempo passou mas, na verdade, Marcelo continuava a ser uma presença nas suas recordações. Quando estava sozinha detinha-se a pensar em todas as horas de prazer. Na voz que a aquecia. No desejo que ele lhe despertava e que nenhum outro homem havia conseguido ainda. Nem Vítor, o seu noivo. Movida por um impulso, tornou a acabar a relação real, absorvida por uma relação virtual que, no entanto, ambicionava transformar em real.
A importância de Marcelo na sua vida tinha tomado tais proporções que continuava a ser o homem que ela desejava para ser o seu primeiro. Este fora um dos motivos pelo qual terminara o noivado. Como podia desejar mais um homem quase desconhecido, do que o próprio noivo? Como podia ter vivido aquele relacionamento durante mais de dois anos, sem ter a mesma ânsia que tinha quando trocava orgasmos com Marcelo? Mesmo à distância, mesmo sem sentir a pele, o cheiro, o toque, ele despertava-lhe os instintos mais básicos, o tesão mais louco.
Esperou algum tempo com receio que ele já a tivesse esquecido, mas enganou-se. Quase um ano depois de ter terminado o noivado, soube que Marcelo também continuava a desejá-la. Mais do que nunca, depois de lhe ter contado que ainda estava virgem, para ele, queria-a.
Esse reencontro havia sido há pouco mais de um mês e, nesse momento, esperava por ele, para partirem ambos de férias, por duas loucas semanas. Ansiosa, estava pronta há quase uma hora e já recebera uma mensagem dele a dizer que estava quase a chegar. Tinham combinado encontrar-se numa zona afastada da casa de ambos e já perto do local onde iriam ficar. Olhou o relógio mais uma vez e passou os dedos pelos cabelos. Ouviu o som de um carro e depois o silêncio. Virou-se e viu-o sair do carro. Cabelos grisalhos, reveladores dos seus cerca de 50 anos, porte altivo, atlético e um sorriso no rosto que ela conhecia tão bem pelo monitor do seu computador.
Assim que chegou junto de Raquel, Marcelo teve de se conter para não a agarrar e apertá-la com desejo, beijá-la. Sentiu o seu sexo reagir ao vê-la. Que vontade de comer aquela menina-mulher naquele instante. Mas conteve-se. Prometera-lhe que iriam conhecer-se primeiro durante uns dias, antes de ceder ao maior impulso, ao desejo, ao tesão de a fazer sua.
- Marcelo…
– Olá Raquel.
Um abraço carinhoso. Dois beijos nas faces, muito perto dos lábios. E um olhar profundo que revelava mais daquilo que sentiam.
Pegou na mala dela, colocou no porta-bagagens e abriu a porta dianteira para que ela entrasse.
Já dentro do carro e, enquanto colocava o motor a trabalhar, olharam-se de novo. Desejo estampado no rosto dele. Na boca entreaberta dela. No volume do sexo dele. Na humidade escondida pelo tecido do fio dental dela.
Minutos depois de iniciarem a viagem e de terem trocado algumas palavras, Marcelo parou o carro na berma:
- Não aguento a viagem sem provar a tua boca – e puxou-a contra si num beijo voraz, profundo, húmido. Um beijo guloso em que a língua provava cada recanto da sua boca. Movimentos rápidos, urgentes que terminaram em languidez, carinho.
- Marcelo, quero-te tanto.
– Agora sim, podemos continuar.
O hotel onde ele tinha feito as reservas ficava num local isolado, perto da praia, onde poderiam passear e ter toda a privacidade que desejavam.
O quarto era um só, o que fazia pensar como iriam eles conseguir estar tão perto um do outro, partilhar a mesma cama, sem fazer amor.
Aquele primeiro dia passou rapidamente, entre o tempo da viagem, chegar ao hotel e deixar as malas, dar um passeio e jantar. Antes de irem dormir, ainda deram mais um passeio por perto, demorando algum tempo para regressar. Talvez o receio de se verem sozinhos no quarto, sem saber como conter a vontade de se terem.
Quando regressaram ao quarto, cerca da meia-noite, o à vontade, a cumplicidade que haviam sentido ao longo do dia, deram lugar ao embaraço.
- Vou até lá em baixo um pouco mais, podes ficar à vontade para te deitares. Volto mais logo – e saiu do quarto antes que Raquel lhe desse resposta.
Uma hora depois, Raquel já não conseguia conter o cansaço, apesar da ansiedade, e deixou-se dormir, não se apercebendo da entrada de Marcelo, já perto das três da madrugada. Tenso, cansado, mas com receio de a acordar, deitou-se fazendo o mínimo de movimentos possível. Não sabia se conseguiria adormecer, tendo ao seu lado o corpo jovem de Raquel, fresco, perfumado, com o encanto dos seus 22 anos. Depois de quase uma hora sem conseguir dormir, sentiu que ela se mexia e se aproximava do seu corpo. Sentiu o toque da mão dela nas suas costas e não resistiu a virar-se para a mulher ali deitada. Colocou um braço sobre a cintura dela, fechou os olhos e tentou acalmar o desejo, pensando nos lugares onde iriam passear no dia seguinte. Acabou por adormecer.
Na manhã seguinte, depois de tomarem um excelente pequeno-almoço na sala do rés-do-chão, saíram para passar o dia fora, a conhecer os arredores. Passaram a manhã na praia, depois almoçaram num pequeno restaurante por perto e, de tarde, resolveram visitar a cidade que ficava a alguns quilómetros. Em todo esse tempo iam trocando carinhos, alguns beijos mais apaixonados, caminhavam de dedos entrelaçados ou, abraçados, e iam vivendo aquelas horas num prelúdio do que haviam prometido um ao outro: o prazer sublime de se terem. Ele havia dito que passariam 3 ou 4 dias antes de fazerem amor. Ela não queria esperar tanto tempo e sabia que ele não conseguiria cumprir aquela promessa. Ela se encarregaria de o fazer vacilar.
Foi no regresso ao hotel, já perto da hora de jantar que tudo mudou. O sol caía sobre a praia e pararam num miradouro de onde se tinha uma vista extraordinária para o mar, observando as cores laranja-vermelho do sol que se despedia. Abraçados, encostados ao muro de pedra, trocavam carícias suaves. Num movimento de ansiedade, Raquel não aguentou mais e, enfiando a mão nas calças de Marcelo, tocou-lhe no pénis já volumoso:
- Deixa-me provar-te. Quero sentir-te na minha boca.
– Raquel, ainda não…
– Eu quero e estamos sozinhos – e, não se fez rogada, ajoelhando-se enquanto, baixava as calças e os boxers ele. À frente dos seus olhos, saltou o pénis erecto, revelador do desejo que ele sentia. Raquel tocou-lhe suavemente, rodeando-o na sua mão, aproximando os lábios para lhe deixar um beijo húmido, antes de lhe tocar com a língua. Que bem que ele sabia. Queria mais. E entreabriu os lábios para o engolir devagar, sentindo-o todo na sua boca. Ouviu o gemido de Marcelo e sentiu as mãos dele pousarem-lhe na cabeça, entrelaçando os dedos nos seus cabelos. Isso incentivou-a a continuar. A chupá-lo mais. A deixar que a sua saliva escorresse para a carne que pulsava entre os seus dedos. Deslizou as suas mãos pelas coxas dele e deixou que a sua boca lhe desse todo o prazer a que ele se negara durante todo esse dia e na noite anterior. Sentiu-o estremecer. Ouviu o gemido transformado em grito e sentiu a proximidade do orgasmo.
- Vem-te, amor, vem-te para mim.
E ele entregou-se ao momento e veio-se. Nela. Para ela.
- Não era isto que eu tinha planeado – conseguiu articular minutos depois.
- Eu sei, amor – respondeu-lhe Raquel com um sorriso malicioso – isso é só para te mostrar que hoje à noite eu não vou ficar a dormir. Hoje eu quero sexo. Quero que me ames. Que me fodas.
Estava decidido o galgar daquele tempo de espera que ele queria impor. Não havia retorno. O desejo era demasiado intenso para esperarem mais um dia. Uma noite. O jantar foi o compasso de espera. Não o alimento do corpo. O pouco tempo que permaneceram no salão de refeições do hotel foi passado entre trocas de olhares, sussurros, sorrisos e de dedos entrelaçados em cima da mesa. Deslizaram o olhar pelo menu e deixaram-se levar pelas sugestões do empregado, sem tomarem atenção ao que seria trazido para comerem. Comer? Só um ao outro. Como desejavam. Para desgosto do empregado de mesa, mal tocaram na comida. Marcelo assinou a nota, para juntar à conta do quarto e dirigiram-se para o elevador.
- Tens a certeza de que não queres dar uma volta antes de subirmos?
– Certeza absoluta – reforçou Raquel, aproveitando o facto de estarem sozinhos para se pendurar no seu pescoço e deslizar a língua pela orelha de Marcelo, mordiscando na pontinha, fazendo-o arrepiar-se, enquanto a apertava contra si, pela cintura, pressionando o corpo excitado de encontro às suas coxas.
Saíram do elevador e foram trocando beijos e carícias enquanto seguiam pelo corredor até à porta do quarto. Entraram atabalhoadamente, de bocas coladas, braços à volta do corpo um do outro. Fechando a porta, Marcelo encostou Raquel à parede, e apoiando o seu ao corpo quente e ansioso da menina-mulher. Aprofundou a língua na boca feminina enquanto levava as mãos às nádegas dela, puxando-a para si e fazendo-a entrelaçar as pernas à volta da sua cintura. O sexo duro, excitado, latejava de encontro ao dela, húmido, quente. Chamava-o. A roupa não os impedia de sentir o calor do desejo. A volúpia.
Carregou-a assim até à cama na beira da qual a sentou. Queria ir com calma, não queria magoá-la, por maior que fosse a vontade, o desejo de ambos. Despiram-se um ao outro, lentamente, entre toques de dedos, beijos e deslizar da língua na pele um do outro. As mãos de Marcelo percorriam todo o corpo de Raquel, enquanto esta deslizava os seus dedos pelo peito masculino, pela cintura, aproximando-se do sexo túrgido, ansioso por a penetrar.
Deitou-a carinhosamente na cama e começou por a beijar nos lábios, percorrendo em seguida todo o rosto, descendo pelo pescoço, peito, onde se deteve, beijando os seios, acariciando com os dedos os bicos rijos de tesão. Os gemidos de Raquel entoavam no quarto e faziam eco no peito masculino, de coração descompassado. Enquanto a boca se deliciava nos seios, beijando e chupando ora um, ora outro, os dedos desceram até às coxas femininas, entreabertas, tocando-lhe o sexo molhado de prazer. Acariciou-lhe o clítoris, penetrou ligeiramente a ponta de um dos dedos, fazendo-a suspirar.
- Quero mais Marcelo. Vem. Quero sentir-te dentro de mim.
– Ainda não.
Escorregou o corpo e ficou deitado entre as coxas dela, erguendo uma delas, enquanto a boca descia sobre a vulva rosada à sua espera. Colou os lábios e tocou-lhe com a ponta da língua. Acariciou-a, deslizando a língua num vaivém alucinante. Chupou-lhe o clítoris, mordiscou a carne tenra das virilhas, enquanto a ouvia gemer. Queria senti-la vir-se para ele. Queria engolir o prazer dela antes de a penetrar, de a fazer sua. E não demorou muito para ver satisfeita a sua vontade. Ouviu o grito feminino, os dedos fincados na sua cabeça, o retesar das suas pernas. O orgasmo.
Agora sim, queria fazê-la sua. Sabia que não aguentaria mais tempo sem a possuir. Deitou-se sobre o corpo feminino e encostou o pénis na entrada daquela gruta quente, molhada e que imaginava acolhedora. Sôfrega do corpo dele. Fez pressão e sentiu o retesar do corpo de Raquel.
- Não pares, amor.
Fez um pouco mais de pressão e o movimento do corpo dela contra o dele, numa aceitação de tudo o que ele tinha para lhe dar. Com mais um impulso, sentiu romper a barreira e penetrar no corpo tão desejado. Um gemido mais forte de Raquel. Dor e prazer de mãos dadas. Esperou um pouco antes de se movimentar dentro dela. Fundo. Forte. Mas delicado ao mesmo tempo, para ela se acostumar à sua presença dentro do seu corpo. Mas um impulso do corpo dela, fez com que entrasse mais fundo, num recado de que ela estava completamente entregue ao prazer. Somente ao prazer. Traçou as pernas na cintura masculina e fê-lo penetrá-la mais profundamente, meneando as ancas de forma a provocá-lo a ir mais rápido. Os movimentos aceleraram, os gemidos ecoaram. Ela no prazer de o sentir finalmente por inteiro, de ser finalmente mulher a todos os níveis. Ele na volúpia de ter sido o primeiro daquela jovem que o atormentara em sonhos naqueles últimos anos. Chegou um primeiro orgasmo que os fez gritar em uníssono, deixando-os ofegantes, de corpos enrolados, caídos entre os lençóis alvos da cama de hotel. Mas insuficiente para a gula que sentiam um do outro. Para a luxúria que escorria na pele, feito suor.
Foi Raquel quem se ergueu e deslizou pelo corpo de Marcelo, proporcionando-lhe o mesmo prazer que ele lhe havia concedido, beijando-o, lambendo a sua pele, provando-o em cada recanto. Desejava tê-lo de novo na sua boca, como naquela tarde. Senti-lo duro, a latejar na sua língua. Senti-lo quase tocar a sua garganta, antes de o tirar da boca, molhá-lo de saliva e voltar a engoli-lo, em toda a sua plenitude. Fê-lo. Deixou-o louco. E no fim, antes que ele se viesse, ajoelhou-se de costas para ele e pediu-lhe:
- Fode-me. Assim. Como nas fantasias que partilhámos. Vem, amor. Quero que me comas assim.
Ele obedeceu. E agarrou. Penetrou. Fodeu.
Estava iniciada a relação real que durante anos fora somente virtual. Raquel, de 22 anos, finalmente estava onde queria: nos braços de Marcelo, aquele homem de 51 anos, extraordinário, por quem se apaixonara há quatro anos atrás.